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sexta-feira, 13 de junho de 2014

A problemática ACEDE/ TFIOS


A pior coisa que se pode fazer com expectativas é encubá-las por tempo suficiente para que elas se alastrem por aí mais rápido do que a combinação fogo + gasolina. Eu particularmente sou profissa nessa atividade quando o assunto é a ficção, e a frequência com que quebro a cara com o combo formado por livros, séries e filmes é de uns 99,9%. Tipo o livro A Culpa é das Estrelas. Eu não vivi a experiência transformadora que aparentemente 99,9999...9% dos leitores tiveram com essa leitura, e o saldo final após terminar o livro foi uma cara de tacho e a dúvida se a coisa errada nessa história era eu, não o livro. 

E não pense que o meu lado Do Contra aparece aí de propósito, porque eu queria muito ter amado ACEDE. Eu acompanhei pelas redes sociais o burburinho que o livro causou no seu lançamento nos States, e mais ainda quando foi lançado em terras tupiniquins. Com um nome interessante e uma capa bonita aliadas à comoção criada em torno do livro, foi crescendo uma ânsia dentro de mim que me deixou alucinada para ler algo sem nem saber sobre o que era. Suei por quase um ano até conseguir por as mãos na história da garota com câncer terminal e do garoto futura ex-vítima do câncer, quando uma promoção amiga me trouxe o livro do João Verde, já que bibliotecas e amigos/conhecidos me deixaram na mão no tópico 'empréstimo'. Devorei a história em um fim de semana, dei uma risadinha aqui, um suspiro ali, e uma choradinha pra encerrar a leitura, mas fiquei à espera de uma catarse que nunca veio. Achei a narrativa meio muito arrastada e 'sem brilho', apesar de ter diversas passagens 'quotáveis'. Se um caderno de citações eu tivesse, teria preenchido boa parte dele com diverssas passagens de ACEDE, engraçadas, bonitas e/ou soco no estômago, tem pra todos os gostos, enfim. Mas a pior parte foi não ter me conectado aos personagens e 'ter comprado a briga deles'. Achei a Hazel sem sal e o Gus carismático de uma forma um tanto idealizada e irritante, fazendo com que ACEDE só fosse memorável para se juntar a filmes como Um Amor pra Recordar na minha lista de expectativas MUI-TO frustradas.

Estranhamente, a birra enorme que peguei da história diminuiu consideravelmente quando assisti o primeiro trailer da adaptação para o cinema. A partir daí, de alguma forma eu passei aos poucos a esperar o lançamento do filme, até chegar ao ponto de estar com uma ansiedade incontrolável na quarta feira antes da sua estreia, agoniada porque eu só poderia assisti-lo no fim de semana. Adaptado pelos mesmos roteiristas do filme amor da vida  500 Dias com Ela, a versão cinematográfica de ACEDE foca na convivência entre Hazel e Gus, mostrando os pontos essenciais do livro no que se refere ao relacionamento deles, sem apressar ou se demorar em nada, e excluindo tramas secundárias. Isso torna a história muito mais ágil, thank God, e acho que mesmo o leitor mais fiel vai aprovar essas escolhas. Além disso, trilha sonora é adorável, e as artes gráficas foram bem inseridas ao longo do filme e deram uma graça a mais na execução da história. Apesar disso, o grande trunfo da adaptação foi, nunca pensei que diria isso, a escalação de Shailene Woodley e Ansel Elgort como Hazel e Gus. Olha, eu não gosto muito do livro, mas quis vomitar quando soube quem seriam os atores protagonistas, porque eu nutria uma bela antipatia por Shailene (comemorei quando a Mary Jane foi cortada do novo Homem- Aranha), e imaginava um Gus mais ... talvez bonito não seja a palavra exata, mas fica por aí. Fui surpreendida de uma forma tão positiva que agora quero acompanhar a carreira dos dois. Hazel e Gus foram interpretados com muita verdade, e tanto Shailene quanto Ansel deram um brilho e um carisma aos personagens que ofusca completamente o par insossso da versão literária *se protege das pedras*. Ansel inclusive tornou Gus cinematográfico um pouco mais 'humano' do que o do livro, o que na minha humilde opinião fez toda a diferença, pra melhor. 

Obviamente, o terceiro ato do filme foi pensado de uma forma que arrancasse o maior número possível de lágrimas do expectador, na escolha de músicas, diálogos, a montagem, etc, etc... Infelizmente, nunca saberei se foi eficaz ou exagerado, porque sim, eu comecei a chorar. Pena que as lágrimas desceram com a força que eu estava fazendo para não dar altas gargalhadas das garotas sentadas ao meu lado, que atrapalharam toda a minha experiência com o filme, já que choramingaram o tempo todo, e perto do clímax, pensei que iam começar a gritar dentro do cinema. Eu acho que a principal função de uma história é criar uma conexão com as pessoas, causar sentimentos e sensações, mas gente, não precisa abrir a boca no mundo e ficar se mexendo na cadeira como se estivesse tendo uma convulsão ou algo do tipo. Isso você faz na privacidade da sua casa. >.<

Mas é engraçado pensar que o resultado final , A Culpa é das Estrelas é um daqueles feel good movies, que fazem a gente sair do cinema leve, sentindo um quentinho dentro do peito, sabe? É muito perceptível que o longa foi produzido com muito cuidado e carinho, pegando o que há de melhor do livro e adaptando a trama da melhor forma possível Eu tenho um grande problema com o senhor John Green que rende outro post, e detesto histórias maniqueístas, que se aproveitam de um fator óbvio pra fazer com que o público reaja de determinado jeito, mas gostei tanto deste filme que quis emendar outra sessão do mesmo,  mandar uma banana pro Senhor Verde, e dar um abraço em toda a equipe, especialmente em Shailene e Ansel por serem tão fofos e competentes. Okay?

Um comentário:

  1. Fico muito feliz de encontrar alguém que compartilhe da minha opinião sobre o livro do João Verde. Assim como você, não consegui ter empatia pelos personagens e achei o Sr. Gus um tanto irreal. O personagem que mais gostei foi o amigo cego do Gus :) Ele tinha cenas divertidas, naturais e que conseguiam me comover. Enfim, não consegui criar expectativas para assistir ao filme, mas esse seu post me deixou curiosa, principalmente pelo fato de você também não ter curtido muito o livro. Assim que sair em BD darei um jeitinho para ver :D Quem sabe essa é uma daquelas raras ocasiões que acho o filme melhor do que o livro. :D Beijos!

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