Páginas

terça-feira, 29 de abril de 2014

Trollagem Divina


Já tem algum tempo que a minha relação com Deus não tem andado às mil maravilhas, e a coisa tem piorado conforme 2014 passa, destilando crueldade sem dó. Há alguns anos, passei por uma situação tão tempestuosa que fragilizou tanto a minha crença n'O Cara lá de cima, que o ateísmo se tornou uma opção bem sedutora, porque se Deus basicamente é bondade e justiça pura, um Deus troll como aquele de 2008 só podia ser um impostor, ou então inexistente. Apesar disso, nem fazendo força eu consegui deixar de crer Nele, porque diante de toda a mágoa e revolta que meu coração abrigava naqueles tempos sombrios, essa frustração era expelida da minha mente por meio de pensamentos reclamões e mal criados direcionados justamente para o ser cuja existência eu queria negar.

Foi assim, então, que eu percebi que a crença e a fé em uma força maior não é uma simples questão de escolha, e que imaginar a inexistência Dele é uma mentira bem capenga que eu contaria a mim mesma. Entretanto, apesar de eu ter descoberto que nem fazendo força eu conseguiria ser ateia, isso não quer dizer que o meu relacionamento com Deus-Todo-Poderoso seja livre de crises. Tipo agora. Uma DR tem sido bem necessária aqui, porque esse modelo ‘fala que eu te escuto mas não te respondo’ tá zoado.

Cresci com o pensamento de que se eu quisesse uma coisa e me esforçasse, era só ter paciência e ser uma boa pessoa que o resto ficaria a cargo Dele. Fazer a minha parte, ter fé e andar na linha. Infelizmente, nada disso tem dado muito certo, e chega um momento da nossa vida em que seria legal ver pelo menos UMA realização que seja dando certo. Em meio ao marasmo dessa dita cuja vida adulta em que me encontro, só tenho recebido para tomar um chá mensagens subliminares ironizando a minha 'revolta' perdidas no meio de milhões de piadas sem graças que Deus, o Universo e tudo o mais tem enviado à minha porta. Eu juro, tá dando pra escrever uma sitcom ou roteiros pra comediantes de stand up com tudo isso, sério!

O pior é que eu já disse uma vez que se nada desse certo, eu me tornaria uma comediante de stand up. Será que seria essa mais uma mensagem subliminar do Universo, batendo insistentemente na mesma tecla até eu ligar o desconfiômetro e perceber que nasci para fazer os outros rirem da desgraça alheia? A coisa anda tão bagunçada que poucas coisas tem me parecido uma má ideia, viu?

Um comentário:

  1. Eu entendo bem o seu post, porque vivo em uma decepção religiosa há anos.
    Tudo começou com a preguiça, depois eu deixei e acreditei que qualquer outro desastre ou decepção fosse mais um motivo para que eu me afastasse da religião. Estou dando uma explicação no tempo verbal errado porque isso ainda faz parte do meu presente. Já me considerei católica não praticante e já fui simpatizante da doutrina espírita - Dois termos (não-praticante e simpatizante) que me afastam totalmente de qualquer contado com alguma instituição religiosa. Entretanto, aqui estou agora, sem qualquer coragem de dizer que sou alguma dessas coisas.
    Hoje eu digo que sou atoa. Não sigo nada, apenas tenho minhas conversas com Ele. Mas mesmo quando vou bater um papo, me sinto hipócrita por só recorrer a Ele em momentos de precisão. Então, acabo tentando não ficar pedindo demais.
    Minha ideia da vida religiosa é a seguinte agora:
    - O que deu errado: "O que fiz de errado?"; "O que não fiz?"; "Droga, é a vida"
    - O que deu certo: "Graças a Deus"

    Sim, parece apático e patético, mas é a verdade... Não sou religiosa e muito menos uma crédula fervorosa. Não sei se acredito em Deus porque fui ensinada a acreditar Nele, se por convenção, ou se por vontade de acreditar em um bem maior. Independente do motivo, agradeço a Ele pelas coisas boas que me acontecem e tento me virar como posso com as coisas que não acontecem.

    ResponderExcluir